DIARIO OFICIAL DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA Porto Alegre, sexta-feira, 8 de novembro de 2019. PRO 52 As Tradicoes Doceiras da Regiao de Pelotas e Antiga Pelotas (Arroio do Padre, Capao do Leao, Morro Redondo, Turucu) sao reconhecidas como Patrimonio Cultural do Brasil. A decisao foi tomada por unanimidade pelo Instituto do Patrimonio Historico e Artistico Nacional (Iphan). Em uma articulacao com o Iphan, Programa Monumenta e a Universidade Federal de PelotasUFPel, foi possivel realizar um inventario que documentou a trajetoria do bem cultural, sua ocorrencia e os sentidos a ele atribuidos pelos detentores. O Inventario Nacional de Referencias Culturais - INRC Producao de Doces Tradicionais Pelotenses, realizado no periodo de 2006 a 2008, pela UFPel, possibilitou aampliacao do conhecimento sobre a dinamica sociocultural em que as tradicoes doceiras se construiram, se transmitiram e se ressignificaram na regiao de Pelotas e Antiga Pelotas. O registro das Tradicoes Doceiras como Patrimonio Cultural reconhece e valoriza os bens de natureza imaterial e explicita seu o valor identitario e a relacao demonstrada entre o saber doceiro e o territorio. As charqueadas tiveram influencia direta sobre o desenvolvimento da tradicao doceira. Os Doces Tradicionais comecaram a ser produzidos durante o ciclo do charque em Pelotas, e a venda da carne para o Nordeste, que servia de alimento aos escravos da regiao, permitia o acesso ao acucar produzido naqueles Estados, e que era trazido pelos mesmos navios. Doces de Pelotas sao resultado da rica diversidade etica e cultural da regiao, e tem influencias dos imigrantes portugueses, franceses e dos escravos africanos e fazem parte formacao da identidade historica da cidade. Alem da heranca portuguesa, as influencias africanas estao muito presentes. Os escravos que foram trazidos para a regiao nao so aprenderam a produzir os doces finos como tambem criaram novas versoes. Oquindim, por exemplo, teve as amendoas da receita original substituidas pelo coco. E importante salientar tambem a simbologia dos doces nas religioes de matriz africana. Os imigrantes alemaes, pomeranos e franceses que viviam passaram a cultivar frutas de clima temperado na regiao colonial. Essas frutas eram comercializadas ao natural e na forma de doces, geleias, cristalizados, conservas e pastas, ampliando e diversificando as formas de producao de doces. Os doces podem ser encontrados o ano todo, nas muitas docerias e comercios espalhados pela regiao. Tem como principal evento a Fenadoce, que ocorre uma vez por ano, no municipio de Pelotas e sao comercializados tanto os doces finos quanto os coloniais. Alem da grande mostra de doces finos, compotas, doces caseiros, geleias e conservas, de fabricacao industrial e artesanal, o evento traz uma ampla programacao cultural. Em 2011, foi criado o Museu do Doce, pela Universidade Federal de Pelotas, para salvaguardar a memoria da tradicao doceira de Pelotas e da regiao. Situado em uma das casas historicas da cidade, localizada no entorno da Praca Coronel Pedro Osorio, construida em 1878, tombada pelo Iphan em 1977 e comprada pela UFPEL em 2010. Sala das Sessoes, em Deputado(a) Fernando Marroni ______________________________________________