TJPA - DIARIO DA JUSTICA - Edicao no 6780/2019 - Sexta-feira, 8 de Novembro de 2019 1433 EDENILSON pegou o tercado e depois conseguiu tirar o tercado dele; Que nao se cortou no tercado; Que ODICLEIA tentou se meter para separar a briga; Que o tijolo estava no quintal; Que EDENILSON lhe jogou o tijolo e chegou a cair; Que nenhum vizinho chegou na hora da briga; Que foi morar com seus pais apos o fato; Que levou uns 3 pontos em sua cabeca; Que se nao tivesse conseguido tirar o tercado de EDENILSON, EDENILSON ia lhe lesionar; Que nao teve intencao de matar ninguem; Que esta arrependido de tudo que fez. Depreende-se dos autos que a vitima ODICLEIA LIRA MONTEIRO nao se submeteu a exame de corpo de delito, inviabilizando qualquer avaliacao de gravidade ou extensao das lesoes. Quanto a vitima ADENILSON JOSE LISBOA DE SOUZA ha exame de corpo de delito descrevendo as lesoes corporais sofrida (fls. 18). Oportuno destacar que o acusado nao tinha a intencao de matar a vitima, visto que ao ve-la ferida, empreendeu fuga, sem tornar a golpea-la, desistindo voluntariamente do ato criminoso, devendo responder pelos atos ja praticados, segundo o que dispoe o art. 15 do CP. O fato e que a prova colhida se mostra bastante imprecisa no que tange a figura delituosa constante da denuncia, a saber, tentativa de homicidio, uma vez que nao ha qualquer evidencia de que a agente tinha agido com efetiva intencao subjetiva de ceifar a vida da vitima. Os elementos probatorios carreados aos autos descrevem uma situacao de briga de casal, em razao de traicao, o que vem a referendar o depoimento do acusado. Conforme muito bem destacado pelo Ministerio Publico, nao ha nos autos provas de que o acusado tinha a intencao de matar as vitimas, visto que desistiu voluntariamente do ato criminoso, por conseguinte, a pronuncia nao se justifica na situacao em analise, impondo-se a desclassificacao do fato. Portanto, ao analisar todo o cotejo probatorio coletado nos autos, verifico que o reu praticou a infracao prevista no artigo 129, 1o, I e II, do Codigo Penal, e nao o crime de tentativa de homicidio, pelo que se faz imperativa a desclassificacao para o delito de lesoes corporais de natureza grave. Ante o exposto, DESCLASSIFICO a conduta imputada ao reu ADILSON LIRA MONTEIRO - crime de tentativa de homicidio (artigo 121, caput, c/c art. 14, II, ambos do CP) - para enquadra-la no crime previsto no art. 129, 1o, I do CPB. Nos termos do art. 59 e 68 do Codigo Penal, passo a dosar a pena do condenado. Analisando as circunstancias judiciais do art. 59 do CPB, observo que a culpabilidade e normal a especie. O reu nao possui antecedentes criminais. Nada foi apurado que desabone a conduta social e a personalidade do reu. Os motivos para o crime nao foram outros senao a noticia da traicao, tambem normal ao tipo. Quanto as circunstancias, nada se tem a valorar. As consequencias do crime sao normais ao tipo. O comportamento da vitima nao influiu para a pratica do delito. Pelos motivos acima, aplico a pena-base de 01 (um) ano de reclusao pelo delito praticado. Nao ha circunstancias atenuantes e agravantes. CAUSAS DE AUMENTO E DIMINUICAO (ART. 68 DO CP - TERCEIRA FASE). Inexistem causas de aumento ou diminuicao de pena a serem consideradas, pelo que torno definitiva a pena de 01 (um) ano de reclusao. REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO (ART. 59, INC. III DO CP) A pena sera cumprida em REGIME ABERTO, conforme disposto no 2o, c do Art. 33 do CP. DETRACAO Considerando que o reu foi condenado a uma pena de 01 (um) ano de reclusao e o tempo que ficou preso nao altera o regime inicial, deixo de aplicar a detracao neste momento. SUBSTITUICAO DE PENA (ART. 59, INC. IV DO CP) O reu nao faz jus a substituicao da pena, por forca do que dispoe o art. 44 do CP. SUSPENSAO DE PENA (ART. 77 DO CP) Por ser primario, entendo que o reu merece uma nova chance e, assim, nos termos do art. 77 do CP, concedo-lhe o beneficio da Suspensao Condicional da Pena pelo periodo de 02 (dois) anos, a contar da audiencia admonitoria, desde que o reu compareca e nela declare aceitar e cumprir as seguintes condicoes: 1 - Nao portar instrumento ofensivo; 2 - Recolher-se a sua habitacao ate, no maximo, as 22h00min, salvo se estudar ou trabalhar nesse horario, devendo, nesta hipotese, comprovar estas circunstancias; 3 - Nao mudar de residencia sem antes avisar ao Juizo; 4 - Nao ingerir bebidas alcoolicas em publico; 5 - Nao se ausentar desta comarca por mais de 15 (quinze) dias sem comunicar a este Juizo; 6 - Nao frequentar bares, boates ou estabelecimentos congeneres; 7 - Comparecer, pessoal e mensalmente, na data designada por Juizo, para informar e justificar as suas ocupacoes. Sendo aceitas as condicoes acima impostas, oficie-se ao Comandante do Batalhao de Policia Militar e a Autoridade Policial deste Municipio para fiscalizar o cumprimento das condicoes acima designadas. No caso de nao aceitacao das condicoes impostas, o reu devera iniciar o cumprimento da pena privativa de liberdade imposta no regime acima fixado. LIBERDADE PROVISORIA Considerando a pena aplicada deixo de determinar a sua prisao preventiva. DISPOSICOES FINAIS: Transitada em julgado, permanecendo inalterada esta decisao: Lance-se o nome do condenado no rol dos culpados; - Comunique-se a Justica Eleitoral o desfecho dessa decisao, para os efeitos do art. 15, III, da CF; - Expeca-se guia de execucao, com as cautelas de estilo, ao Juizo das Execucoes Penais; - Comunique-se ao Instituto de Identificacao do Estado do Para, para as anotacoes de estilo; - Sem custas. Oportunamente, arquive-se com as cautelas de praxe. Publique-se, Registre-se e Intimem-se.