TJPA - DIARIO DA JUSTICA - Edicao no 6780/2019 - Sexta-feira, 8 de Novembro de 2019 1104 61, imputando-lhe o cometimento do crime previsto no art. 33, caput, da Lei no.11.343/2006. Narra a denuncia (fls.02/05) que, no dia 06.06.2014, policiais militares apos serem acionados por uma denuncia anonima foram ate a residencia da re onde encontraram 14 (quatorze) petecas de cocaina, pesando 24,6g. A denunciada nao se encontrava no local e tomou ciencia dos fatos em delegacia, onde negou a propriedade das drogas. Laudo Toxicologico no 164/2014 (fl. 65). A re foi notificada em 18.02.2015 (fl. 17) e apresentou resposta em 04.03.2015 (fl. 19/21). Durante a instrucao, no dia 12.06.2019 foi realizada audiencia de instrucao e julgamento registrada em midia audiovisual, ocasiao em que houve inquiricao de testemunhas e qualificacao e interrogatorio da re. As partes, entao, foram instadas a se manifestar, nos termos do art.402 do CPP, porem nenhuma diligencia foi requerida. Em 18.06.2019 Ministerio Publico ofereceu memoriais finais na forma, pugnando pela condenacao da re nos termos da denuncia (fls.66/71). Em 31.07.2019 a Defensoria Publica se manifestou, apresentando seus memoriais e requerendo a nulidade do processo em razao de prova ilicita, a desclassificacao para porte para uso e a aplicacao do redutor previsto no art.33, 4o, da Lei no.11.343/2006 (fls. 72/83). E o breve relatorio. Decido. Preliminarmente, quanto a alegacao da nulidade das provas obtidas em razao da ausencia de mandado judicial para a entrada dos policiais na residencia da re, verifica-se que, no caso em tela, o residencia da re foi indicada atraves de denuncia anonima. O Egregio Tribunal de Justica do Estado do Para, em solida e recente entendimento jurisprudencial, entendeu que nao ha o que se falar sobre nulidade de provas se o estado de flagrancia permanece. EMENTA: TRAFICO. ART. 33, DA LEI 11.343/06. NULIDADE EM RAZAO DA ILICITUDE DAS PROVAS COLHIDAS POR POLICIAIS MILITARES. IMPOSSIBILIDADE. NAO HA VEDACAO LEGAL EXPRESSA PARA QUE A POLICIA MILITAR ATUE NA APURACAO DE FATOS DELITUOSOS. PRINCIPIO DA SEGURANCA PUBLICA. AUSENCIA DE IMPEDIMENTO DA ATUACAO DA POLICIA MILITAR EM BENEFICIO DA SEGURANCA. NULIDADE EM VIRTUDE DA VIOLACAO DE DOMICILIO. INOCORRENCIA. O SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICA, EM REMANSOSA JURISPRUDENCIA, JA DECIDIU QUE, POR SE TRATAR DE CRIME PERMANENTE, E LEGAL A BUSCA E APREENSAO DE DROGA SEM MANDADO JUDICIAL, SE TRATANDO, PORTANTO, DE EXCECAO A INVIOLABILIDADE DE DOMICILIO, SENDO TAL PROVA LICITA. PRECEDENTES. ABSOLVICAO. INSUFICIENCIA DE PROVAS. IMPROCEDENTE. PROVAS ROBUSTAS NOS AUTOS. LAUDO PERICIAL COMPROVANDO SE TRATAR DE SUBSTANCIA ILICITA O MATERIAL APREENDIDO EM POSSE DOS APELANTES MACONHA. VALIDADE DOS DEPOIMENTOS PRESTADOS POR POLICIAIS QUE SE MOSTRARAM HARMONICOS E COESOS COM AS PROVAS COLIGIDAS AOS AUTOS. ALEGACOES DA DEFESA DESPROVIDAS DE LASTRO PROBATORIO. CONFIGURADA A PRATICA DO CRIME PREVISTO NO ART. 33 DA LEI 11.343/2006, QUE PREVE TIPOS MULTIPLOS. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. (2019.03117422-96, 206.786, Rel. ROSI MARIA GOMES DE FARIAS, Orgao Julgador 1a TURMA DE DIREITO PENAL, Julgado em 2019-07-30, Publicado em 2019-08-01) Finda a instrucao criminal, a materialidade e certa desde a prisao em flagrante da acusada, oportunidade em que a droga foi apreendida em sua residencia, apos diligencias empreendidas por policiais militares, consoante auto de apreensao. Alem disso, o laudo toxicologico e preciso no sentido de apontar que o entorpecente encontrado se trata da substancia vulgarmente conhecida por "cocaina", que pode ocasionar dependencia fisica e/ou psiquica, cujo uso e proibido em todo o territorio nacional pela Portaria no. 344/98, da Secretaria de Vigilancia Sanitaria do Ministerio da Saude, devidamente atualizada pela RDC n. 19/2008, podendo ser utilizada, eficazmente, na pratica de crimes. A autoria, da mesma forma, e inconteste. A prova testemunhal produzida durante a audiencia de instrucao conduz a certeza necessaria para condenar o acusado no presente caso, pois, ratifica os elementos probatorios angariados na fase de inquerito. Friso que, quando ouvidas em sede judicial, as testemunhas de acusacao, os policiais militares CARLOS ALBERTO DE LIMA PIRES e WALDECY ALKEMIN FERREIRA, confirmaram os fatos narrados na denuncia, relatando que participaram da revista as denunciadas na ocasiao em que foram encontrados os entorpecentes. Assim, a prova da autoria restou sobejamente comprovada, pelo auto de prisao em flagrante e pelo depoimento das testemunhas de acusacao, tanto em sede policial como em juizo, sob o crivo do contraditorio. Inexistem quaisquer causas de exclusao de antijuridicidade ou culpabilidade aplicaveis ao caso presente. Culpavel e a re, pois imputavel e potencialmente ciente da ilicitude de sua pratica, podendo dela se exigir conduta diversa, de acordo com a norma proibitiva implicitamente contida no tipo praticado. Por fim, concluo ser-lhe aplicavel a causa de diminuicao de pena prevista no 4.o do art. 33 da Lei n.o 11.343/2006. ISTO POSTO, e por tudo mais que dos autos consta, JULGO PROCEDENTE o pedido formulado pelo Ministerio Publico na denuncia constante as fls.02/05, para CONDENAR RAFAELA DE LIMA GIMENES, qualificada nos autos, como incursa nas sancoes punitivas inseridas no art. 33, caput, da Lei no.11.343/2006. Passo a realizar a dosimetria da pena nos termos do art.68 do CPB. Primeiramente, analiso as circunstancias judiciais previstas no art.59. Em relacao a culpabilidade, entendo que nao ha fator a ensejar agravamento da pena